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Psicanálise e terapia

  • Foto do escritor: Mônica Blattner Camerini
    Mônica Blattner Camerini
  • 13 de jan. de 2018
  • 2 min de leitura

Há quem diga que psicanálise não é terapia.

Os efeitos analíticos são diferentes dos efeitos terapêuticos. Mas em uma análise podemos nos deparar com ambos.

A terapia visa o alívio do sofrimento, apazigua, acolhe, dá suporte. Muitas vezes busca a eliminação do sintoma como cura.

Muita gente que busca análise vem em busca de terapia e a abandona tão logo alguns efeitos terapêuticos são alcançados. É comum alguém procurar um analista por não saber lidar com o sofrimento decorrente do término de um relacionamento ou perda de um emprego, por exemplo. O analista é colocado no lugar de alguém que pode dar respostas, preencher espaços e, mesmo que as respostas desejadas não venham, o sofrimento é acolhido pela escuta, a sensação de vazio não é mais tão assustadora.

Tem-se aí um efeito terapêutico.

Mas a análise não para aí. Na verdade, ela está para iniciar.

A análise se propõe a mudar perspectivas, apresentar como o sujeito se posiciona no mundo, se fixa em algumas posições, como ele lida com seus sintomas e o que deseja da vida – e do outro. Uma pessoa em análise se dá conta de que vez ou outra terá que lidar com aquele vazio, que a satisfação plena constante é uma fantasia e que, portanto, para isso não há cura. Esse é um efeito analítico angustiante, que nem todo mundo quer tolerar.

Mas não, não é ruim, nem tão cruel como esse último parágrafo talvez tenha feito parecer. Persistir em análise é também uma libertação. O sujeito deixa de ser refém de uma fantasia que o aprisiona. Aprende a se virar na vida real, a lidar com conflitos e a se responsabilizar por escolhas. Ah, disso muita gente foge! Sim, não é fácil. Mas lembro que responsabilizar é diferente de culpabilizar. É bancar suas decisões e consequências, viver de forma mais consciente – e mesmo se responsabilizando por seu inconsciente!

Em outras palavras, uma pessoa em análise aprende a lidar com a dor inerente do viver, de um vazio não preenchido, da decisão frente às incertezas. Essa dor está posta. Sofremos quando não sabemos lidar com ela.

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